segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

não gourmetizem nossas mulheres!



A falta do que fazer é um item fundamental na vida de um homem, praticamente um artigo de luxo. O ócio criativo que nos abençoa sempre traz consigo algumas considerações bizarras sobre a vida. Naturalmente, essa flanação do baixo intelecto, quando produzida a partir de um cérebro que corresponda ao princípio extintivo de um ser humano XY, tende a acabar em... seres humanos XX.

Outro dia, ignorando parcialmente qualquer pudor advindo de um estado civil que nos incapacite um rodízio sexual intenso, topei na timeline de uma rede social com um post de uma amiga. Sabe... você, independente de estar solteiro ou casado, vendendo saúde ou em coma, sempre passa o olho e fala; - poooourra, fulana tá que tá. Ah, se eu pudesse. Deu uma melhorada bacana!

Ato contínuo, você não resiste, entra no perfil dela e vê que além de muito mais gostosa, ela vive solteira. Como assim? – você se pergunta – continuando a fuçar cada vez mais. De modo quase instantâneo, você vê que a conta não fecha. Ela era gata, gostosinha, curtia várias paradas maneiras, era interessante e tava em todas. Daquelas que espancavam na cerveja e depois fechavam a noitada num podrão contigo.

Suas respostas são respondidas rápido depois desse apanhado de coisas! Fuçando as fotos, você vê que não faltam selfies no espelho da academia, roupa embalada a vácuo multicolorida, polainas e hashtags saudáveis. #esmagaquecresce #resolvimudar #nopainnogain e tantas outras não faltam nas postagens. Tudo isso vem acompanhado de frases motivacionais tão profundas quanto os atuais reservatórios hídricos de São Paulo. E você pensa...

- Ah, mas ela só tá malhando! Que mal há nisso?

Mais uma fuçada na timeline... outras fotos revelam fotos de comida, muitas fotos! Também recheadas de hashtags. As comidas não são as mesmas da noitada, não mesmo! E todas geralmente vem acompanhadas de suas respectivas receitas! Mais ou menos 95% dessas receitas, contam com a adição de scups de whey protein. Os podrões de outrora, os maravilhosos petiscos e tanta iguarias provenientes da baixa culinária da boemia carioca são esquecidos e, sempre que possível, condenados!  Você ainda pondera...

- Mas era legal ir pro boteco com ela!

Nessa hora, ela reduz tuas ilusões a pó com mais fotos... agora de eventos badalados. Roupas meticulosamente calculadas substituíram aquele sex appeal casual que ela sempre teve, tudo parece tão programado quanto uma série na academia. A cervejinha agora não pertence mais, dá barriga! Vodca com energético, ou algum destilado com suco.

Você finge que acha legal e pensa. Porra, mas beber num prejudica esse culto ao corpo? É, prejudica, mas se fosse eu, como eu iria conseguir aguentar ter trocado meu conteúdo por um upgrade de embalagem? Essa parece ser a resposta. Você fecha o perfil e reconhece que ela tá mais gostosa, mesmo lamentando sequer reconhecer a pessoa que você estimava.

Nessa hora, se comprometido, você valoriza aquela celulite da patroa; se procurando alguém interessante, você prefere aquela tal menina do samba na Pedra do Sal ou a garota do aplicativo, com tatuagens de vídeo game. E até solteiro e só querendo uma sacanagem, você pensa: - Será que vale o tanto de baboseira que vou ouvir? Como ela vai me olhar se eu pedir uma batata com calabresa?

Ainda não entendi, pode até ser recalque do gordo, mas quem convenceu essas mulheres de que essa troca é válida? Entrar dentro dos padrões que alguém esquisito estipulou e abandonar uma essência tão bacana? Equilíbrio, galera! Era mais legal quando as mulheres achavam chocolate e não carnivor ou whey protein a melhor coisa do mundo. Ainda prefiro – e acho que sou parte de uma maioria – a imperfeição e a fartura de um corpo normal, com belo cérebro, ao desinteresse instantâneo que as covers da Gabriela Pugliesi me fazem sentir.

Pela beleza das mulheres ‘normais’!

Petisque: a porção mais gostosa do bar! Faça isso a dois! Com chopp e sem culpa!

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Dai-nos, Senhor... O que vos resta.


Eu adoraria ver o povo discutindo política. Mas eu também adoraria ter em quem votar. Mesmo assim, nossa indigência de opções não é suficiente para justificar o circo que se formou em torno dessas eleições. Sou crescido o suficiente para compreender que eventuais ataques façam parte de uma disputa eleitoral, mas o maior problema é transformar isso na base de uma campanha. Campanhas que se baseiam no medo e no ataque, mais nada! Programas de governo, propostas, projeções e até promessas! Nem promessas temos mais.

 

Eu pensei que a pobreza das nossas discussões fosse somente um reflexo das campanhas ridículas que vivenciamos. Não são. Apesar de se alimentarem, o fluxo acontece no sentido contrário, a campanha é desenhada analisando o eleitorado. Ela reflete e potencializa apenas o que somos como um todo. Os analistas acertaram, nossa população se divide em duas torcidas.

 

É o novo tipo de eleitor que toma conta do país, o “eleitorcedor”. Esqueçam a lógica, esqueçam os argumentos e nem pensem nos fatos. O ‘eleitorcedor’ não opina, não discute, não debate. Ele grita, ele rosna, ele postula, nada mais do que isso. Caso você desconstrua um de seus pseudo argumentos através de fatos, dados ou qualquer coisa que valha... pior para os fatos! Essa é a nossa atual realidade.  Aecistas e Dilmistas, Petralhas e Tucanalhas, pouco importa o nome, é mais fácil encontrar um vascaíno elogiando o Flamengo, ou um corintiano falando bem do São Paulo, do que encontrar um pingo de coerência nos discursos políticos atuais.

 

Pelo menos no futebol vejo gente criticando o próprio time. "Acabou o amor", "o choro é livre", "o primeiro milho é dos pintos", "nunca serão" e tantas outras bizarrices tem me deixado cada dia mais descrente em um futuro melhor. Provar que o outro lado também é ou foi corrupto não justifica um voto. A profundidade da discussão política não chega à profundidade de um pires. No futebol, por diversas vezes, sabemos reconhecer qualidades de um adversário. No Brasil de hoje, isso não parece ser possível. Mas não adianta, pois a maioria desses "intelectuais" politizados acreditam que futebol é só circo e enxergam nobreza na porcaria que espalham.

 

Vivemos uma campanha potencializada pelas redes sociais. Como quase tudo que ganha força nas redes sociais, quase sempre os destaques ocorrem pela radicalização, pela polarização. Como se já não bastasse a falta de respeito em relação ao convívio com a opinião de uma maioria, como vimos com a eleição de alguns nomes.

 

Compreender a democracia como algo não tão bonito é antipático, mas te ensina a respeitar a opinião de determinados grupos. Nesse aspecto, o pessoal que celebra a diversidade sempre corre por fora. São simpáticos até que surja uma discordância. A partir daí, você não presta e merece ser agredido. Mas quando vencem, logo após o gozo futebolístico, versam sobre a beleza da democracia e seus princípios.

 

Não é preciso coerência para ser eleitor, nunca foi preciso. Sempre foi interessante ser coerente, mas desistimos de vez. Em alguma etapa do processo, saiu de moda. O pior? Eles perceberam! Agora, basta alimentar o povo com o circo que vem sendo feito, estamos sendo o melhor combustível para o fogo dessa lona. Somos o combustível e o palhaço, mas não interessa enxergar, basta a narcose do momento da torcida.

 

Vá pra urna feliz, palhaço! Faça seu golaço. Não há golaço... há penas, o laço... a corda. Independente do time, já parou pra pensar de quem é o pescoço? Não, né? Vista sua camisa e enfie o dedo, confirme com gosto, achando que alguém presta. Não é pra não votar!, seria pedir demais. Basta tirar esse sorriso da cara. Vocês deveriam ter torcido mais na infância, o futebol tem muito a ensinar para quem acha que sorrir nesse momento é possível.

 

Que inveja que tenho de nossa democracia, que engatinha! Nós só sabemos rastejar.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Queime antes de ver!




 
 
Sinceramente evitei falar sobre a polêmica causada pela estreia de “Sexo e as Negas”. Evitei por diversos motivos, mas os principais foram o radicalismo e a vitimização. Particularmente, não suporto os dois comportamentos, principalmente quando eles vêm combinados. Minha ideia não gira em torno da visão míope que prega ou crê na inexistência do preconceito, mas também não consigo enxergar chifre em cabeça de cavalo.

O seriado, que sequer começou a ser exibido, já conta com onze, eu disse 11, DENÚNCIAS de RACISMO e DISCRIMINAÇÃO! A minha primeira pergunta é simples: baseadas em quê? A única razão que seria plausível até o presente momento recairia sobre o título, que não me parece ofensivo tanto pelo sexo, quanto pelas negas. O que parecia excesso de burburinho, com uma galera queimando o livro antes de ler, virou realidade. Com direito a Web Programa com mulheres negras o #AsNegaReal, onde chegam a listar os mais bizarros itens preconceituosos do programa. Tudo isso embasado exclusivamente no ACHISMO! Na realidade, parece a velha onda de reclamar pra parecer mais culto, mais black power, sem sequer se debruçar sobre o produto, que dirá sobre o tema.

Ser do contra, hoje em dia, tem muito valor, se sentir perseguido catalisa o processo, radicalizar dá nobreza à causa e te eleva. Essa receita não é nova, mas na era da internet, a polarização de opinião só piorou as coisas. Some-se tudo isso ao hábito cult mais mainstream do brasileiro... A oportunidade de escoicear a Globo Malvadona. Somente o tempo e o programa dirão qual é a realidade. Naturalmente, quem já começou largando o prego sem ler (ver) não deve mudar de opinião. 

Ainda prefiro esperar pra ver. Dizer que a negra que se liberta através do poder do funk e de suas letras diretas e cruas é bacana, difícil é aceitar que sexo possa estar na mesma frase que as negas e notar empoderamento nisso. Ah, esqueci! É porque é da Globo! É porque o Falabella é branco! Nada mais manjado que bater no produto pela etiqueta!

Na hora de falar que a maioria da população negra reside nas favelas, pode. Mas na hora de retratar negras na favela, não! Pelo amor! Essas mesmas pessoas que tanto reclamam estariam berrando caso as quatro negras retratadas fossem da Zona Sul. O discurso se escoraria na ideia de que o autor buscou embranquecer as negras e que o enredo não retrata a realidade da maioria das mulheres negras brasileiras. Ou então, o que pega mesmo é a preocupação com negras devoradoras de homens. Cacete! Isso só reafirma a ideia do empoderamento, da mulher como dona de sua sexualidade! Deise Tigrona é maneiro, Valesca é legal, mas no seriado da globo a "Buc$&$ não é o poder"?

Acho isso um puta preconceito e uma baita contradição. PRECONCEITO, pois o livro está sendo julgado pela capa, incendiado antes de sua leitura. Contradição porque pedir respeito e reconhecimento da mulher como dona de sua sexualidade é mole, difícil é aceitar que elas transem como tiverem vontade, quando tiverem vontade, com quem tiverem vontade e quantas vezes tiverem vontade.

 

Beba: Colorado Vintage Black Rapadura – Preta, gostosa e brasileira!

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Tiro ou Facada?




Gostaria de deixar claro desde o início de meu texto, que não pretendo, de forma nenhuma, motivar pessoas a tomarem o mesmo tipo de atitude que eu, mas senti a necessidade de explicar minha lógica, minhas motivações e meu raciocínio para que eu decidisse não votar nas eleições de 2014.

Sempre fui politizado, na verdade, por incrível que pareça, sempre tive paixão por política. Quando criança me realizava assistindo ao “horário político”. Revoltei-me por não ter podido votar com 16 anos! Por ter nascido em ano ímpar, só pude votar com 17, o que já não parecia tão incrível assim. Já me filiei a partidos políticos, já trabalhei em campanha, já participei do movimento estudantil e já mudei minha visão e posição política em decorrência da leitura e da maturidade sem nenhuma vergonha ou medo. Ser político já foi um sonho, acreditem! Junto com a inocência, o sonho se foi.

Faz tempo que não assisto plenárias, percebi que com o tempo fui perdendo a dureza para aguentar tudo isso. Resisti mesmo após a descoberta óbvia de que política se faz com o fígado e que qualquer um que percorra essa trajetória terá que, no mínimo, sujar os solados com lama e merda. Acho que a pá de cal foi jogada após ou até mesmo durante as manifestações (ou jornada, como queiram) do ano passado. O que vi nas ruas me traduzia muito pouco! Mais do que isso, sabia que a “jumência” daria lugar ao rosnado do povo, só não imaginei que por indigência de opções.

Não pretendo dissecar os acontecimentos populares do ano passado, mesmo em uma opinião mais pedestre, isso tomaria muito tempo, o que tornaria esse texto ainda mais chato. Posso tentar fazer isso depois, mas somente por teimosia. O que me espanta é que aparentemente, um recado havia sido dado. A tendência lógica e natural era de que o povo se tornaria ao menos mais crítico em relação aos candidatos, confere? Pois é! Então, não rolou! Depois disso, o que temos para o Rio de Janeiro? O que temos para o Brasil? Vou tentar ser sintético e resumir os candidatos que possuem percentual expressivo nas campanhas. Ainda assim, ressalto, é só a MINHA opinião, a MINHA visão. Sem campanha, sem rodeio. Falarei hoje, somente sobre a corrida para o governo do Rio de Janeiro.

Depois da narcose coletiva dos meses anteriores, nosso maravilhoso Rio de Janeiro desponta como um dos piores cenários políticos do país. Garotinho, Pezão, Crivella, Lindberg(h) e Tarcísio Motta (este por mera consideração) formam a lista de opções para ocupar o posto de governador do Rio de Janeiro. A sensação que eu tenho em meio a esse indigesto menu é a mesma de ser perguntado por um suposto algoz sobre a minha forma preferida de morrer.


 
Garotinho (ou boca de 'pelícia') é uma espécie de Paulo Maluf fluminense. Na verdade, considero o Garotinho uma cruza entre o Maluf, algum coronel político nordestino e o R. R. Soares. Ele é um combo de corrupção, voto de cabresto, populismo, clientelismo e fundamentalismo. Como se isso não bastasse, já sacaneou o Rio de Janeiro por um longo tempo, junto com sua esposa, promoveram o ménage à trois mais vigoroso da história do País, currando milhões de habitantes durante um longo e triste período de nossa história. De longe, o mais corrupto de todos eles, mas vem puxando a fila.
 
 
Crivella (o multiplicador, o terapeuta sexual dos peixes) é uma espécie de Garotinho, só que garoto! Rouba menos, finge que trabalha mais, mas é mais profundo nos ‘ismos’. Sou plenamente a favor da representação política do conservadorismo, acho que faz parte das contrapartidas da democracia, mas espero que isso continue sendo uma minoria a ser representada. Será realmente muito complexo ver essa brincadeira no Executivo.



Pezão (ou o fantasma do metrô de Ghost) representa a continuidade do modelo “rouba, mas faz” dos últimos oito anos. Parcerias sujas, concessões bizarras e jantares em Paris. A continuidade dele diz que nada disso mudará. Delta, Cavendish, Odebrecht, Cavendish e Delta.




 
Lindberg(h) (ou o Geoge Clooney do Agreste) anda um tanto perdido, derreteu ao longo da campanha, parecendo o Aécio na corrida presidencial. Seu trabalho na prefeitura de Nova Iguaçu não foi elogiado por nenhum dos meus conhecidos de lá. Seus esquemas e escândalos também foram expostos por diversas vezes. “De cara pintada à cara de pau”, esse trocadilho define o que a maior parte das pessoas pensa a seu respeito, principalmente analisando sua história. Agora resolveu defender causas espinhosas, como a desmilitarização da PM, o que soa como desespero, pois seu partido foi um dos grandes entusiastas do modelo da UPP, potencializado pela estrutura militar de nossa polícia.
 
 
 
Tarcísio Motta (Apolinho ou Mamma Bruschetta) é uma incógnita. O queridinho da jovem elite politizada, o preferido dos jovens do voto facultativo, o retrato da inocência da esquerda de raiz. Frases feitas, um visual despojado de vaidade e a bipolaridade discursiva, alternando empolação e erudição acadêmica com frases feitas e “foras” do primário. Sem sombra de dúvidas, o menos pior entre todos os citados. Com certeza, o único que (parece) limpo e íntegro. Mesmo assim, tudo isso vem com um plano de governo bastante perdido e muito pouco moderno. A ideia PSOLista dos “conselhões” soa como inocente, pra não dizer bizarra, pelo menos pra mim.

Depois decidirei se falarei mais sobre cada um deles. Na próxima vinda, continuaremos no Rio! Senado será a bola da vez!

Pra beber: Super Bock – Lager portuga muito honesta! Ao contrário de certas pessoas...

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O Choro e a Piada



Mais importante que qualquer outra informação que venha a aparecer nesse post, preciso deixar claro que não sou, não fui e nem pretendia ser eleitor de Eduardo Campos. Caso o texto ainda seja relevante, não votarei em qualquer candidato nas eleições deste ano. E não o farei para todos os cargos, decidi que simplesmente não vou votar, mas esse não é o foco de nosso papo.

Procuro respeitar o princípio da pluralidade e divergência de opiniões sempre. Persigo isso, embora seja um ato de constante evolução, me sinto cada dia mais feliz com o resultado disso. Creio que divergir seja um direito, uma necessidade. Também acho que respeitar seja um dever. As pessoas têm o total direito de serem idiotas, exatamente como você pode estar me considerando agora ou logo mais. Mas preciso que algumas pessoas compreendam que o excesso de sensibilidade está matando a própria liberdade. O dever do politicamente correto está nos deixando especialmente atrasados, enquanto achamos que estamos evoluindo intelectualmente.

Eu lamento que o Eduardo Campos tenha morrido, assim como todos os outros envolvidos, que ficam esquecidos. Lamento por educação, por sua família, por seus filhos, por tantas outras características e protocolos sociais que me levam a esse sentimento. Espero que seus amigos, sua família, especialmente seus filhos, consigam força e tranquilidade pra atravessar esse momento, de verdade. Sua morte é um absurdo da lógica, pelo menos pra mim. Tenho a impressão de que algumas pessoas não morrem, ou não podem morrer em determinados períodos. Como o cara era candidato a presidente, parecia haver algum acordo para que a morte não o ceifasse num período como esse. O fato é esse, ele morreu. Junto com sua morte, surgem dois tipos de reações: as sensíveis e as jocosas. E aí está nosso problema.

Sim! Eu fiz piada com a morte do Eduardo Campos. Muitas, várias, dezenas. E penso em uma piada ou outra volta e meia, do mesmo modo que não me furto de rir disso quando vejo uma boa piada. Não, eu não acho isso um desrespeito. Não sou amigo de nenhum dos falecidos, não conheço nenhum familiar ou amigo. Se eu conhecesse, posso acreditar que meus protocolos sociais me impedissem. Perdi um amigo que era como um irmão no ano passado. Mesmo em meio a toda dor, eu e outros amigos ainda conseguíamos ver, algumas vezes, o que aconteceu com boa dose de humor. O humor e o desrespeito estão na cabeça de cada um. Entendo a sensibilidade de algumas pessoas, que deveriam ser bem próximas ou admiradoras do candidato e estão na minha timeline muito sensibilizadas. Entendo e respeito.

Mesmo assim, é difícil compreender determinadas coisas, como por exemplo, um nipônico blogueiro famoso que adora falar mal de qualquer coisa, principalmente daquilo que ele não gosta. Acho curioso que no dia como o de hoje, ele classifique como psicopatas ou psicóticos (não me recordo) o grupo de pessoas que acaba rindo de tudo isso. Minha curiosidade provém da quantidade de vezes que ele aproveita alguma situação que pode doer nos outros para fazer sua contribuição ao mundo. No dia do aniversário de morte de 20 anos de Senna, Sakamoto não teve a menor sensibilidade ao procurar desidratar e ridicularizar a morte de alguém que foi, para tantos, muito mais “próximo” que Eduardo Campos.

Ele também curte bater na imprensa e criticar a sede da classe pela audiência, quando já especulam o que pode acontecer daqui pra frente. Sim, o que vai acontecer é fundamental! Principalmente pra quem não está chorando, comovido e enlutado com a morte do candidato. Mas pra ele soa aproveitador! Talvez soe aproveitador porque não pode ser ele a tirar o proveito, ou porque é preciso se destacar por ser diferente! Afinal, enquanto no último primeiro de maio a imprensa rendia homenagens ao piloto, o rapaz resolveu diminuí-lo.

Quanto aos apreciadores de teorias conspiratórias sem humor, aos xiitas que trocam farpas e acusações... bom, acho que estamos falando de gente que pensa. Creio que os sensíveis e os jocosos o façam. Cada um vê do seu jeito, cada um sente de uma forma. Só acho que hoje em dia as pessoas acabam sendo sensíveis demais e pouco práticas demais. Isso gera um comportamento controverso. A piada é tão verdadeira quanto uma sensibilidade sem motivo.

Piadas com a morte são mais velhas que seus pais. Com certeza não se trata de um movimento exclusivo das redes sociais.

Meus sinceros pêsames a todos os amigos e familiares das vítimas dessa fatalidade.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Agrega Valor?





Antes de qualquer coisa, gostaria de confessar uma coisa! Sinto-me ridículo, absolutamente ridículo, escrevendo sobre toda essa palhaçada de ‘Rei do Camarote’. Comecei a ver algumas gracinhas de um lado, outras do outro, até o momento em que as gracinhas acabaram por se transformar no comportamento óbvio atual, isto é, porrada! Críticas a tudo. Críticas ao tal Alexander, críticas (já tão óbvias) à Veja, críticas ao comportamento do mundo... O que vi e ainda estou vendo, é bem mais interessante que o vídeo. Dessa vez foi diferente. Algumas pessoas estão tendo o mínimo de bom senso!

Acho curioso observar o comportamento dos críticos mais exaltados, chega a ser cômico. O rol de críticas é variado e esquizofrênico, a quantidade de gente cagando regra é enorme. Não é difícil traçar o perfil dessa galera. Eles se julgam melhores dos que os reles mortais, pensam sempre no social e são perfeitos – a culpa é do mundo.

Não li a reportagem, só vi o vídeo e ainda considero que isso possa vir a ser uma pegadinha da Veja. Sendo ou não uma pegadinha, não sei por quais razões estão batendo na revista. Se o vídeo é tendencioso, ele só o é na tentativa (com muito êxito) de ridicularizar o protagonista e seu comportamento/estilo de vida. É o hábito. Atualmente, falar mal da Veja te põe em uma condição intelectual favorável, mesmo que ela entregue de bandeja para um linchamento público, o retrato daquilo que o grupo anteriormente citado mais abomina.

Os absurdos continuam, é fácil extrair algumas pérolas dos momentos de raiva da galera cult. Vi pedidos de cadeia para o “Monarca”, alegando bullying social, por exemplo! Pude notar momentos de profunda contradição, alguns clamavam por um país mais igual e discriminavam o rapaz por seu jeito afeminado. Ok! Estou vendo como você deseja um mundo mais igual. Tenho a impressão de que pedir coerência atualmente, chega a ser um pouco demais.

Os comentários engraçados, pelo menos na maior parte das vezes, acabavam entregando um bom senso um pouco maior e ouvi comparações sensacionais. Uma delas foi feita pelo meu querido amigo Miguel, quando ele diz que Alexander é só uma versão do Boça (se não conhece, procura no YouTube) meio gay e muito rica. O humor, graças a Deus, ainda agrega valor ao intelecto!

Por fim, num movimento quase que tardio, apareceram algumas almas mais ponderadas. Por incrível que pareça, a maior parte das pessoas do último grupo, tiveram o mesmo tipo de sensação ao ver o filme: pena e identificação. Sentir pena é quase instantâneo! Se aquele rapaz existe e sua vida funciona basicamente dentro da mecânica exposta, ele só tem dinheiro, mais nada. Parece ser sozinho e viver uma vida solitária fora dos cercadinhos VIP’s, além de falar como índio (mim não conjuga!).

Quanto à identificação... Bom, não é difícil, morando no Rio, conseguir lembrar-se de arroubos cometidos em um evento qualquer, por nós mesmos ou por alguns amigos e conhecidos. Fica mais fácil ainda enumerar as pessoas de seu círculo social que você tem absoluta certeza que se tivessem condições, gastariam 50, 60 mil em uma noite, ao invés de 150, 300, 500. Identificar esse comportamento, geralmente te deixa só com pena do sujeito.

Foi impossível não me identificar, pois já conheci muita gente assim e ainda conheço. Identifiquei-me também, pois compartilho no Instagram os meus momentos esbanjadores. Foi impossível não recordar conhecidos fúteis e sozinhos. Mas deve ser muito difícil olharmos para os próprios rabos.

Alexander não é vítima, não é coitado e não é pouco babaca. Mas é bom lembrar que quase todo mundo já foi, pensou em ser ou conhece alguém que seja ou tenha potencial (sem grana) para ser como ele. Minha crítica a Veja é bem simples. Se o personagem é real, ficou bem claro que o objetivo foi ridicularizá-lo.

Não sei mais nada sobre Alexander, não sei se ele gasta 200 mil por mês em uma boate e tem um projeto social em que invista 10 vezes mais. Não sei se ele é real ou se foi uma caricatura criada pela Veja e oferecida ao país como um Judas ou uma Piñata. Só acho que ele virará tese, dissertação e monografia de muita gente.

Será que discutir essa “reportagem” e seus desdobramentos agrega algum valor às nossas vidas?

Petisque: Coxinha – pra combinar com a personalidade que reina hoje em dia! Vai bem com Caracu...

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Meus Caros Ameagles




Nem todos sabem, ou têm a obrigação de saber, mas sou um grande apaixonado por cães. Sim, a tal figura oculta da presidente Dilma, em seu épico discurso no dia das crianças. Seguindo minha linha de raciocínio, comentando o polêmico inútil, resolvi mexer nesse vespeiro. Já que não morri por ter dito que a Fran também tem alguma culpa em relação ao que ocorreu, resolvi falar dos Beagles e da Royal.

Antes de qualquer coisa, preciso dizer aos senhores que procuro ser coerente até mesmo em minhas incoerências e que trato e vejo animais de formas diferentes, mas como não sou um ativista insano em busca da libertação total dos animais do mundo e da difusão do veganismo, acho que estou tranquilo para expor minha linha de raciocínio.

Admito, não vejo um boi como um animalzinho lindo e fofo que precisa de carinho, vejo um bife e por mais cruel que isso seja, é a minha verdade. A menos que eu me afeiçoe ao bicho, um boi será pra mim, um bife. Ah, quanta crueldade! Ok, pode até ser, mas não consigo e nem pretendo parar de comer carne, simplesmente não atingi esse nível de evolução. Acho curioso, algumas pessoas devem estar imaginando como meu pensamento é cruel, e nesse mesmo momento, devem estar pensando em comer um japinha no almoço ou na janta. Peixe pode, né?

Não descobri grandes verdades sobre o que aconteceu no instituto Royal, nada me parece muito confiável. Mais do que confiável, pra variar, nada me parece muito ponderado! Normal, em épocas de extremismo cibermidiático e produção de conteúdo em lote (Adorno e Keen, piram!). Algumas fontes dizem que os animais eram utilizados para desenvolvimento e testes de produtos cosméticos, o que sou contra, principalmente pelo uso de cães. Outras fontes dizem que o demonizado instituto trabalhava em pesquisas científicas voltadas para a área médica, o que me faz ser a favor do uso de qualquer animal.

O que me leva a ser contra o uso de cães em pesquisas para produtos cosméticos? O fato de serem cães, mais nada. Se fossem porcos, eu não iria me opor, assim como grande parte das pessoas que hoje vociferam a favor dos Beagles de São Roque.

Mas por que tanto preconceito? Porque eu gosto muito de cachorro, porque eu não como cachorro, porque eu crio e trato cães e não porcos como membros da minha família. Isso quer dizer que eu sou a favor de testes de cosméticos em animais? Sim. Camundongos, porcos, bois e uma lista de animais bem simples de se imaginar. Mas qual o motivo do apoio a esse tipo de crueldade? Simples! Pra você, querida amiga, poder passar seu batom, usar seu hidratante, rechear e rebocar a cara com base e parecer um panda com tanta sombra e rímel, essas empresas precisam ter a certeza absoluta de todos os desdobramentos possíveis desses materiais em sua linda e sedosa pele.

Do contrário, a partir da primeira alergia, da primeira queimadura ou da primeira merda que der... você ou qualquer outra pessoa que seja amigo do amigo do amigo virtual da pessoa cairão de pau nas empresas envolvidas dizendo que falta regulação, que o controle de qualidade é fraco, que a empresa não investe em P&D, entre tantas outras coisas. Para isso é preciso desenvolver, testar, observar, corrigir etc. Infelizmente, esse tipo de pesquisa não pode ser feito em cobaias humanas, embora eu tenha algumas ideias muito loucas, pró-animais e nada humanas para isso, esses testes precisam ser feitos em animais. Como acho que cosméticos são produtos bastante dispensáveis, não defendo o uso dos animais (doméstico, de estimação, sei lá) nesses testes acima citados.

Minha opinião passa a mudar bastante em casos voltados para pesquisas da área médica, visando o tratamento e a cura para doenças que assolam o nosso cotidiano. Dessa vez, peço ainda mais desculpas aos amigos que defendem os animais, mas não me sentiria à vontade sendo contra. Acredito que não devamos medir esforços na busca da cura e do tratamento de doenças que ameacem nossa saúde. Para curar uma criança no futuro, creio que alguns sacrifícios devam ser feitos no presente. Infelizmente a ciência, principalmente a biologia, precisa do ensaio e do erro para que a “rota” vá sendo conduzida para o objetivo maior.

Sou louco por cachorros, os beagles são lindos demais e ainda não consegui saber quem fala a verdade. Só acho, mais uma vez, que tá todo mundo de um lado ou contra esse lado, esse extremismo gera fenômenos absurdos. Quais? Defender os Beagles, vociferar contra empresas que testam em animais e admirar a baleias do SeaWorld é um deles. Outro, ainda mais grave, é tratar a Luisa Mell como ativista política e social, dando eco e volume as declarações e comparações bizarras dessa personagem pouco cerebral.

Pense sobre o assunto. Se você come carne, já fica até um pouco mais fácil concordar com a minha separação entre animais. Espero (embora não creia) que se não fossem Beagles, mas vira-latas ou pit-bulls, a comoção fosse igual. Ame seu cão, gato ou qualquer animal e o trate com todo amor e respeito. Se possível, adote um.  Coerência, galera! Ah!


Petisque: Aipim frito + Chopp Escuro