sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Queime antes de ver!




 
 
Sinceramente evitei falar sobre a polêmica causada pela estreia de “Sexo e as Negas”. Evitei por diversos motivos, mas os principais foram o radicalismo e a vitimização. Particularmente, não suporto os dois comportamentos, principalmente quando eles vêm combinados. Minha ideia não gira em torno da visão míope que prega ou crê na inexistência do preconceito, mas também não consigo enxergar chifre em cabeça de cavalo.

O seriado, que sequer começou a ser exibido, já conta com onze, eu disse 11, DENÚNCIAS de RACISMO e DISCRIMINAÇÃO! A minha primeira pergunta é simples: baseadas em quê? A única razão que seria plausível até o presente momento recairia sobre o título, que não me parece ofensivo tanto pelo sexo, quanto pelas negas. O que parecia excesso de burburinho, com uma galera queimando o livro antes de ler, virou realidade. Com direito a Web Programa com mulheres negras o #AsNegaReal, onde chegam a listar os mais bizarros itens preconceituosos do programa. Tudo isso embasado exclusivamente no ACHISMO! Na realidade, parece a velha onda de reclamar pra parecer mais culto, mais black power, sem sequer se debruçar sobre o produto, que dirá sobre o tema.

Ser do contra, hoje em dia, tem muito valor, se sentir perseguido catalisa o processo, radicalizar dá nobreza à causa e te eleva. Essa receita não é nova, mas na era da internet, a polarização de opinião só piorou as coisas. Some-se tudo isso ao hábito cult mais mainstream do brasileiro... A oportunidade de escoicear a Globo Malvadona. Somente o tempo e o programa dirão qual é a realidade. Naturalmente, quem já começou largando o prego sem ler (ver) não deve mudar de opinião. 

Ainda prefiro esperar pra ver. Dizer que a negra que se liberta através do poder do funk e de suas letras diretas e cruas é bacana, difícil é aceitar que sexo possa estar na mesma frase que as negas e notar empoderamento nisso. Ah, esqueci! É porque é da Globo! É porque o Falabella é branco! Nada mais manjado que bater no produto pela etiqueta!

Na hora de falar que a maioria da população negra reside nas favelas, pode. Mas na hora de retratar negras na favela, não! Pelo amor! Essas mesmas pessoas que tanto reclamam estariam berrando caso as quatro negras retratadas fossem da Zona Sul. O discurso se escoraria na ideia de que o autor buscou embranquecer as negras e que o enredo não retrata a realidade da maioria das mulheres negras brasileiras. Ou então, o que pega mesmo é a preocupação com negras devoradoras de homens. Cacete! Isso só reafirma a ideia do empoderamento, da mulher como dona de sua sexualidade! Deise Tigrona é maneiro, Valesca é legal, mas no seriado da globo a "Buc$&$ não é o poder"?

Acho isso um puta preconceito e uma baita contradição. PRECONCEITO, pois o livro está sendo julgado pela capa, incendiado antes de sua leitura. Contradição porque pedir respeito e reconhecimento da mulher como dona de sua sexualidade é mole, difícil é aceitar que elas transem como tiverem vontade, quando tiverem vontade, com quem tiverem vontade e quantas vezes tiverem vontade.

 

Beba: Colorado Vintage Black Rapadura – Preta, gostosa e brasileira!

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