quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Dai-nos, Senhor... O que vos resta.


Eu adoraria ver o povo discutindo política. Mas eu também adoraria ter em quem votar. Mesmo assim, nossa indigência de opções não é suficiente para justificar o circo que se formou em torno dessas eleições. Sou crescido o suficiente para compreender que eventuais ataques façam parte de uma disputa eleitoral, mas o maior problema é transformar isso na base de uma campanha. Campanhas que se baseiam no medo e no ataque, mais nada! Programas de governo, propostas, projeções e até promessas! Nem promessas temos mais.

 

Eu pensei que a pobreza das nossas discussões fosse somente um reflexo das campanhas ridículas que vivenciamos. Não são. Apesar de se alimentarem, o fluxo acontece no sentido contrário, a campanha é desenhada analisando o eleitorado. Ela reflete e potencializa apenas o que somos como um todo. Os analistas acertaram, nossa população se divide em duas torcidas.

 

É o novo tipo de eleitor que toma conta do país, o “eleitorcedor”. Esqueçam a lógica, esqueçam os argumentos e nem pensem nos fatos. O ‘eleitorcedor’ não opina, não discute, não debate. Ele grita, ele rosna, ele postula, nada mais do que isso. Caso você desconstrua um de seus pseudo argumentos através de fatos, dados ou qualquer coisa que valha... pior para os fatos! Essa é a nossa atual realidade.  Aecistas e Dilmistas, Petralhas e Tucanalhas, pouco importa o nome, é mais fácil encontrar um vascaíno elogiando o Flamengo, ou um corintiano falando bem do São Paulo, do que encontrar um pingo de coerência nos discursos políticos atuais.

 

Pelo menos no futebol vejo gente criticando o próprio time. "Acabou o amor", "o choro é livre", "o primeiro milho é dos pintos", "nunca serão" e tantas outras bizarrices tem me deixado cada dia mais descrente em um futuro melhor. Provar que o outro lado também é ou foi corrupto não justifica um voto. A profundidade da discussão política não chega à profundidade de um pires. No futebol, por diversas vezes, sabemos reconhecer qualidades de um adversário. No Brasil de hoje, isso não parece ser possível. Mas não adianta, pois a maioria desses "intelectuais" politizados acreditam que futebol é só circo e enxergam nobreza na porcaria que espalham.

 

Vivemos uma campanha potencializada pelas redes sociais. Como quase tudo que ganha força nas redes sociais, quase sempre os destaques ocorrem pela radicalização, pela polarização. Como se já não bastasse a falta de respeito em relação ao convívio com a opinião de uma maioria, como vimos com a eleição de alguns nomes.

 

Compreender a democracia como algo não tão bonito é antipático, mas te ensina a respeitar a opinião de determinados grupos. Nesse aspecto, o pessoal que celebra a diversidade sempre corre por fora. São simpáticos até que surja uma discordância. A partir daí, você não presta e merece ser agredido. Mas quando vencem, logo após o gozo futebolístico, versam sobre a beleza da democracia e seus princípios.

 

Não é preciso coerência para ser eleitor, nunca foi preciso. Sempre foi interessante ser coerente, mas desistimos de vez. Em alguma etapa do processo, saiu de moda. O pior? Eles perceberam! Agora, basta alimentar o povo com o circo que vem sendo feito, estamos sendo o melhor combustível para o fogo dessa lona. Somos o combustível e o palhaço, mas não interessa enxergar, basta a narcose do momento da torcida.

 

Vá pra urna feliz, palhaço! Faça seu golaço. Não há golaço... há penas, o laço... a corda. Independente do time, já parou pra pensar de quem é o pescoço? Não, né? Vista sua camisa e enfie o dedo, confirme com gosto, achando que alguém presta. Não é pra não votar!, seria pedir demais. Basta tirar esse sorriso da cara. Vocês deveriam ter torcido mais na infância, o futebol tem muito a ensinar para quem acha que sorrir nesse momento é possível.

 

Que inveja que tenho de nossa democracia, que engatinha! Nós só sabemos rastejar.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Queime antes de ver!




 
 
Sinceramente evitei falar sobre a polêmica causada pela estreia de “Sexo e as Negas”. Evitei por diversos motivos, mas os principais foram o radicalismo e a vitimização. Particularmente, não suporto os dois comportamentos, principalmente quando eles vêm combinados. Minha ideia não gira em torno da visão míope que prega ou crê na inexistência do preconceito, mas também não consigo enxergar chifre em cabeça de cavalo.

O seriado, que sequer começou a ser exibido, já conta com onze, eu disse 11, DENÚNCIAS de RACISMO e DISCRIMINAÇÃO! A minha primeira pergunta é simples: baseadas em quê? A única razão que seria plausível até o presente momento recairia sobre o título, que não me parece ofensivo tanto pelo sexo, quanto pelas negas. O que parecia excesso de burburinho, com uma galera queimando o livro antes de ler, virou realidade. Com direito a Web Programa com mulheres negras o #AsNegaReal, onde chegam a listar os mais bizarros itens preconceituosos do programa. Tudo isso embasado exclusivamente no ACHISMO! Na realidade, parece a velha onda de reclamar pra parecer mais culto, mais black power, sem sequer se debruçar sobre o produto, que dirá sobre o tema.

Ser do contra, hoje em dia, tem muito valor, se sentir perseguido catalisa o processo, radicalizar dá nobreza à causa e te eleva. Essa receita não é nova, mas na era da internet, a polarização de opinião só piorou as coisas. Some-se tudo isso ao hábito cult mais mainstream do brasileiro... A oportunidade de escoicear a Globo Malvadona. Somente o tempo e o programa dirão qual é a realidade. Naturalmente, quem já começou largando o prego sem ler (ver) não deve mudar de opinião. 

Ainda prefiro esperar pra ver. Dizer que a negra que se liberta através do poder do funk e de suas letras diretas e cruas é bacana, difícil é aceitar que sexo possa estar na mesma frase que as negas e notar empoderamento nisso. Ah, esqueci! É porque é da Globo! É porque o Falabella é branco! Nada mais manjado que bater no produto pela etiqueta!

Na hora de falar que a maioria da população negra reside nas favelas, pode. Mas na hora de retratar negras na favela, não! Pelo amor! Essas mesmas pessoas que tanto reclamam estariam berrando caso as quatro negras retratadas fossem da Zona Sul. O discurso se escoraria na ideia de que o autor buscou embranquecer as negras e que o enredo não retrata a realidade da maioria das mulheres negras brasileiras. Ou então, o que pega mesmo é a preocupação com negras devoradoras de homens. Cacete! Isso só reafirma a ideia do empoderamento, da mulher como dona de sua sexualidade! Deise Tigrona é maneiro, Valesca é legal, mas no seriado da globo a "Buc$&$ não é o poder"?

Acho isso um puta preconceito e uma baita contradição. PRECONCEITO, pois o livro está sendo julgado pela capa, incendiado antes de sua leitura. Contradição porque pedir respeito e reconhecimento da mulher como dona de sua sexualidade é mole, difícil é aceitar que elas transem como tiverem vontade, quando tiverem vontade, com quem tiverem vontade e quantas vezes tiverem vontade.

 

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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Tiro ou Facada?




Gostaria de deixar claro desde o início de meu texto, que não pretendo, de forma nenhuma, motivar pessoas a tomarem o mesmo tipo de atitude que eu, mas senti a necessidade de explicar minha lógica, minhas motivações e meu raciocínio para que eu decidisse não votar nas eleições de 2014.

Sempre fui politizado, na verdade, por incrível que pareça, sempre tive paixão por política. Quando criança me realizava assistindo ao “horário político”. Revoltei-me por não ter podido votar com 16 anos! Por ter nascido em ano ímpar, só pude votar com 17, o que já não parecia tão incrível assim. Já me filiei a partidos políticos, já trabalhei em campanha, já participei do movimento estudantil e já mudei minha visão e posição política em decorrência da leitura e da maturidade sem nenhuma vergonha ou medo. Ser político já foi um sonho, acreditem! Junto com a inocência, o sonho se foi.

Faz tempo que não assisto plenárias, percebi que com o tempo fui perdendo a dureza para aguentar tudo isso. Resisti mesmo após a descoberta óbvia de que política se faz com o fígado e que qualquer um que percorra essa trajetória terá que, no mínimo, sujar os solados com lama e merda. Acho que a pá de cal foi jogada após ou até mesmo durante as manifestações (ou jornada, como queiram) do ano passado. O que vi nas ruas me traduzia muito pouco! Mais do que isso, sabia que a “jumência” daria lugar ao rosnado do povo, só não imaginei que por indigência de opções.

Não pretendo dissecar os acontecimentos populares do ano passado, mesmo em uma opinião mais pedestre, isso tomaria muito tempo, o que tornaria esse texto ainda mais chato. Posso tentar fazer isso depois, mas somente por teimosia. O que me espanta é que aparentemente, um recado havia sido dado. A tendência lógica e natural era de que o povo se tornaria ao menos mais crítico em relação aos candidatos, confere? Pois é! Então, não rolou! Depois disso, o que temos para o Rio de Janeiro? O que temos para o Brasil? Vou tentar ser sintético e resumir os candidatos que possuem percentual expressivo nas campanhas. Ainda assim, ressalto, é só a MINHA opinião, a MINHA visão. Sem campanha, sem rodeio. Falarei hoje, somente sobre a corrida para o governo do Rio de Janeiro.

Depois da narcose coletiva dos meses anteriores, nosso maravilhoso Rio de Janeiro desponta como um dos piores cenários políticos do país. Garotinho, Pezão, Crivella, Lindberg(h) e Tarcísio Motta (este por mera consideração) formam a lista de opções para ocupar o posto de governador do Rio de Janeiro. A sensação que eu tenho em meio a esse indigesto menu é a mesma de ser perguntado por um suposto algoz sobre a minha forma preferida de morrer.


 
Garotinho (ou boca de 'pelícia') é uma espécie de Paulo Maluf fluminense. Na verdade, considero o Garotinho uma cruza entre o Maluf, algum coronel político nordestino e o R. R. Soares. Ele é um combo de corrupção, voto de cabresto, populismo, clientelismo e fundamentalismo. Como se isso não bastasse, já sacaneou o Rio de Janeiro por um longo tempo, junto com sua esposa, promoveram o ménage à trois mais vigoroso da história do País, currando milhões de habitantes durante um longo e triste período de nossa história. De longe, o mais corrupto de todos eles, mas vem puxando a fila.
 
 
Crivella (o multiplicador, o terapeuta sexual dos peixes) é uma espécie de Garotinho, só que garoto! Rouba menos, finge que trabalha mais, mas é mais profundo nos ‘ismos’. Sou plenamente a favor da representação política do conservadorismo, acho que faz parte das contrapartidas da democracia, mas espero que isso continue sendo uma minoria a ser representada. Será realmente muito complexo ver essa brincadeira no Executivo.



Pezão (ou o fantasma do metrô de Ghost) representa a continuidade do modelo “rouba, mas faz” dos últimos oito anos. Parcerias sujas, concessões bizarras e jantares em Paris. A continuidade dele diz que nada disso mudará. Delta, Cavendish, Odebrecht, Cavendish e Delta.




 
Lindberg(h) (ou o Geoge Clooney do Agreste) anda um tanto perdido, derreteu ao longo da campanha, parecendo o Aécio na corrida presidencial. Seu trabalho na prefeitura de Nova Iguaçu não foi elogiado por nenhum dos meus conhecidos de lá. Seus esquemas e escândalos também foram expostos por diversas vezes. “De cara pintada à cara de pau”, esse trocadilho define o que a maior parte das pessoas pensa a seu respeito, principalmente analisando sua história. Agora resolveu defender causas espinhosas, como a desmilitarização da PM, o que soa como desespero, pois seu partido foi um dos grandes entusiastas do modelo da UPP, potencializado pela estrutura militar de nossa polícia.
 
 
 
Tarcísio Motta (Apolinho ou Mamma Bruschetta) é uma incógnita. O queridinho da jovem elite politizada, o preferido dos jovens do voto facultativo, o retrato da inocência da esquerda de raiz. Frases feitas, um visual despojado de vaidade e a bipolaridade discursiva, alternando empolação e erudição acadêmica com frases feitas e “foras” do primário. Sem sombra de dúvidas, o menos pior entre todos os citados. Com certeza, o único que (parece) limpo e íntegro. Mesmo assim, tudo isso vem com um plano de governo bastante perdido e muito pouco moderno. A ideia PSOLista dos “conselhões” soa como inocente, pra não dizer bizarra, pelo menos pra mim.

Depois decidirei se falarei mais sobre cada um deles. Na próxima vinda, continuaremos no Rio! Senado será a bola da vez!

Pra beber: Super Bock – Lager portuga muito honesta! Ao contrário de certas pessoas...

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O Choro e a Piada



Mais importante que qualquer outra informação que venha a aparecer nesse post, preciso deixar claro que não sou, não fui e nem pretendia ser eleitor de Eduardo Campos. Caso o texto ainda seja relevante, não votarei em qualquer candidato nas eleições deste ano. E não o farei para todos os cargos, decidi que simplesmente não vou votar, mas esse não é o foco de nosso papo.

Procuro respeitar o princípio da pluralidade e divergência de opiniões sempre. Persigo isso, embora seja um ato de constante evolução, me sinto cada dia mais feliz com o resultado disso. Creio que divergir seja um direito, uma necessidade. Também acho que respeitar seja um dever. As pessoas têm o total direito de serem idiotas, exatamente como você pode estar me considerando agora ou logo mais. Mas preciso que algumas pessoas compreendam que o excesso de sensibilidade está matando a própria liberdade. O dever do politicamente correto está nos deixando especialmente atrasados, enquanto achamos que estamos evoluindo intelectualmente.

Eu lamento que o Eduardo Campos tenha morrido, assim como todos os outros envolvidos, que ficam esquecidos. Lamento por educação, por sua família, por seus filhos, por tantas outras características e protocolos sociais que me levam a esse sentimento. Espero que seus amigos, sua família, especialmente seus filhos, consigam força e tranquilidade pra atravessar esse momento, de verdade. Sua morte é um absurdo da lógica, pelo menos pra mim. Tenho a impressão de que algumas pessoas não morrem, ou não podem morrer em determinados períodos. Como o cara era candidato a presidente, parecia haver algum acordo para que a morte não o ceifasse num período como esse. O fato é esse, ele morreu. Junto com sua morte, surgem dois tipos de reações: as sensíveis e as jocosas. E aí está nosso problema.

Sim! Eu fiz piada com a morte do Eduardo Campos. Muitas, várias, dezenas. E penso em uma piada ou outra volta e meia, do mesmo modo que não me furto de rir disso quando vejo uma boa piada. Não, eu não acho isso um desrespeito. Não sou amigo de nenhum dos falecidos, não conheço nenhum familiar ou amigo. Se eu conhecesse, posso acreditar que meus protocolos sociais me impedissem. Perdi um amigo que era como um irmão no ano passado. Mesmo em meio a toda dor, eu e outros amigos ainda conseguíamos ver, algumas vezes, o que aconteceu com boa dose de humor. O humor e o desrespeito estão na cabeça de cada um. Entendo a sensibilidade de algumas pessoas, que deveriam ser bem próximas ou admiradoras do candidato e estão na minha timeline muito sensibilizadas. Entendo e respeito.

Mesmo assim, é difícil compreender determinadas coisas, como por exemplo, um nipônico blogueiro famoso que adora falar mal de qualquer coisa, principalmente daquilo que ele não gosta. Acho curioso que no dia como o de hoje, ele classifique como psicopatas ou psicóticos (não me recordo) o grupo de pessoas que acaba rindo de tudo isso. Minha curiosidade provém da quantidade de vezes que ele aproveita alguma situação que pode doer nos outros para fazer sua contribuição ao mundo. No dia do aniversário de morte de 20 anos de Senna, Sakamoto não teve a menor sensibilidade ao procurar desidratar e ridicularizar a morte de alguém que foi, para tantos, muito mais “próximo” que Eduardo Campos.

Ele também curte bater na imprensa e criticar a sede da classe pela audiência, quando já especulam o que pode acontecer daqui pra frente. Sim, o que vai acontecer é fundamental! Principalmente pra quem não está chorando, comovido e enlutado com a morte do candidato. Mas pra ele soa aproveitador! Talvez soe aproveitador porque não pode ser ele a tirar o proveito, ou porque é preciso se destacar por ser diferente! Afinal, enquanto no último primeiro de maio a imprensa rendia homenagens ao piloto, o rapaz resolveu diminuí-lo.

Quanto aos apreciadores de teorias conspiratórias sem humor, aos xiitas que trocam farpas e acusações... bom, acho que estamos falando de gente que pensa. Creio que os sensíveis e os jocosos o façam. Cada um vê do seu jeito, cada um sente de uma forma. Só acho que hoje em dia as pessoas acabam sendo sensíveis demais e pouco práticas demais. Isso gera um comportamento controverso. A piada é tão verdadeira quanto uma sensibilidade sem motivo.

Piadas com a morte são mais velhas que seus pais. Com certeza não se trata de um movimento exclusivo das redes sociais.

Meus sinceros pêsames a todos os amigos e familiares das vítimas dessa fatalidade.