quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Meus Caros Ameagles




Nem todos sabem, ou têm a obrigação de saber, mas sou um grande apaixonado por cães. Sim, a tal figura oculta da presidente Dilma, em seu épico discurso no dia das crianças. Seguindo minha linha de raciocínio, comentando o polêmico inútil, resolvi mexer nesse vespeiro. Já que não morri por ter dito que a Fran também tem alguma culpa em relação ao que ocorreu, resolvi falar dos Beagles e da Royal.

Antes de qualquer coisa, preciso dizer aos senhores que procuro ser coerente até mesmo em minhas incoerências e que trato e vejo animais de formas diferentes, mas como não sou um ativista insano em busca da libertação total dos animais do mundo e da difusão do veganismo, acho que estou tranquilo para expor minha linha de raciocínio.

Admito, não vejo um boi como um animalzinho lindo e fofo que precisa de carinho, vejo um bife e por mais cruel que isso seja, é a minha verdade. A menos que eu me afeiçoe ao bicho, um boi será pra mim, um bife. Ah, quanta crueldade! Ok, pode até ser, mas não consigo e nem pretendo parar de comer carne, simplesmente não atingi esse nível de evolução. Acho curioso, algumas pessoas devem estar imaginando como meu pensamento é cruel, e nesse mesmo momento, devem estar pensando em comer um japinha no almoço ou na janta. Peixe pode, né?

Não descobri grandes verdades sobre o que aconteceu no instituto Royal, nada me parece muito confiável. Mais do que confiável, pra variar, nada me parece muito ponderado! Normal, em épocas de extremismo cibermidiático e produção de conteúdo em lote (Adorno e Keen, piram!). Algumas fontes dizem que os animais eram utilizados para desenvolvimento e testes de produtos cosméticos, o que sou contra, principalmente pelo uso de cães. Outras fontes dizem que o demonizado instituto trabalhava em pesquisas científicas voltadas para a área médica, o que me faz ser a favor do uso de qualquer animal.

O que me leva a ser contra o uso de cães em pesquisas para produtos cosméticos? O fato de serem cães, mais nada. Se fossem porcos, eu não iria me opor, assim como grande parte das pessoas que hoje vociferam a favor dos Beagles de São Roque.

Mas por que tanto preconceito? Porque eu gosto muito de cachorro, porque eu não como cachorro, porque eu crio e trato cães e não porcos como membros da minha família. Isso quer dizer que eu sou a favor de testes de cosméticos em animais? Sim. Camundongos, porcos, bois e uma lista de animais bem simples de se imaginar. Mas qual o motivo do apoio a esse tipo de crueldade? Simples! Pra você, querida amiga, poder passar seu batom, usar seu hidratante, rechear e rebocar a cara com base e parecer um panda com tanta sombra e rímel, essas empresas precisam ter a certeza absoluta de todos os desdobramentos possíveis desses materiais em sua linda e sedosa pele.

Do contrário, a partir da primeira alergia, da primeira queimadura ou da primeira merda que der... você ou qualquer outra pessoa que seja amigo do amigo do amigo virtual da pessoa cairão de pau nas empresas envolvidas dizendo que falta regulação, que o controle de qualidade é fraco, que a empresa não investe em P&D, entre tantas outras coisas. Para isso é preciso desenvolver, testar, observar, corrigir etc. Infelizmente, esse tipo de pesquisa não pode ser feito em cobaias humanas, embora eu tenha algumas ideias muito loucas, pró-animais e nada humanas para isso, esses testes precisam ser feitos em animais. Como acho que cosméticos são produtos bastante dispensáveis, não defendo o uso dos animais (doméstico, de estimação, sei lá) nesses testes acima citados.

Minha opinião passa a mudar bastante em casos voltados para pesquisas da área médica, visando o tratamento e a cura para doenças que assolam o nosso cotidiano. Dessa vez, peço ainda mais desculpas aos amigos que defendem os animais, mas não me sentiria à vontade sendo contra. Acredito que não devamos medir esforços na busca da cura e do tratamento de doenças que ameacem nossa saúde. Para curar uma criança no futuro, creio que alguns sacrifícios devam ser feitos no presente. Infelizmente a ciência, principalmente a biologia, precisa do ensaio e do erro para que a “rota” vá sendo conduzida para o objetivo maior.

Sou louco por cachorros, os beagles são lindos demais e ainda não consegui saber quem fala a verdade. Só acho, mais uma vez, que tá todo mundo de um lado ou contra esse lado, esse extremismo gera fenômenos absurdos. Quais? Defender os Beagles, vociferar contra empresas que testam em animais e admirar a baleias do SeaWorld é um deles. Outro, ainda mais grave, é tratar a Luisa Mell como ativista política e social, dando eco e volume as declarações e comparações bizarras dessa personagem pouco cerebral.

Pense sobre o assunto. Se você come carne, já fica até um pouco mais fácil concordar com a minha separação entre animais. Espero (embora não creia) que se não fossem Beagles, mas vira-latas ou pit-bulls, a comoção fosse igual. Ame seu cão, gato ou qualquer animal e o trate com todo amor e respeito. Se possível, adote um.  Coerência, galera! Ah!


Petisque: Aipim frito + Chopp Escuro

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A Terra Proibida do Bom Senso





Não chega a ser novidade, principalmente nos dias de hoje, em que a tecnologia a favor e ao alcance de quase todos costura nosso cotidiano, dando a qualquer um que possua interesse, grande capacidade midiática.

Também não é novidade, que nosso povo continua insistindo no maravilhoso ideário do coitado. Acho curioso como, no Brasil, é tão in ser vítima, ou fiel defensor da SUPOSTA vítima. É uma espécie de Lei, estranha e invisível, que rege os padrões comportamentais de grande parte da população atual e dita os traços de personalidade e humor que podem vigorar sem que o mundo se acabe.

Nossa síndrome do coitadismo é praticamente uma unanimidade! Mais que isso, ela cresce de modo absolutamente assustador. Disfarçamos nossas imperfeições com a disseminação de um altruísmo falso e de conceitos éticos bastante sofisticados. Se as atitudes que vão à praça fossem as mesmas que são tão esbravejadas, tenho absoluta certeza de que estaríamos em um país de outro nível.

Nos últimos dias, nós presenciamos alguns casos clássicos desses fenômenos cibermidiáticos. O caso que abordarei hoje, foi o de uma estudante goiana de 19 aninhos, que aparece em alguns excelentes vídeos, produzidos por/com seu parceiro (ou seja lá o que ele for, ou fosse, não interessa). Todo mundo sabe qual é o conteúdo do material citado, e ao contrário do você possa estar imaginando, não estou aqui para chamá-la de vagabunda ou de levantar a bandeira do #forçafran. Inclusive, minhas observações em relação a este caso são bastante pontuais.

Fran só deu o azar de virar esse fenômeno da internet por alguns gestos e falas que acabaram transformando o vídeo mais em um meme do que em conteúdo pornográfico, propriamente dito. Sua má sorte acabou fazendo com que seus vídeos íntimos viralizassem justamente pela existência de slogans e identidade visual. Caso fosse um vídeo íntimo e mudo (por exemplo), provavelmente ele já teria caído no esquecimento e sua repercussão sequer chegaria aos pés do que aconteceu. Ainda assim, você deve estar se perguntando aonde eu quero chegar com isso, né? Ok, vou chegar lá agora.

Assim que o vídeo tomou uma proporção colossal e diversos boatos foram espalhados (inclusive falando sobre a suposta morte da Fran), o “mundo” se dividiu, pra variar, em dois grupos. Também pra variar, dois grupos radicais, evento cada vez mais comum nos dias de hoje. Atualmente, ou você defende a Fran como vítima inconteste nessa história, tendo toda a razão do mundo sobre qualquer coisa; ou então você pertence ao grupo que acha a Fran uma vagabunda. E pelo visto, esses grupos determinam que só pode ser assim. Caso você não esteja de um lado, você está do outro.

Acho que o que poucas pessoas param para avaliar é que a Fran está bem no meio do caminho. Não! Ela não é vagabunda. Até onde eu sei, o corpo é dela, a vontade é dela e ela tem o direito de realizar seus desejos e fantasias. Sim, ela parece ter sido vítima de uma atitude bem escrota, mas (é agora que a maioria dos Franfriends vão pirar) ela também é responsável, parcialmente responsável, por esse acontecimento.

Eu sei, nesse exato momento você deve estar dizendo ou pensando que eu acredito que mulher que se veste em trajes mínimos é parcialmente responsável caso seja vítima de um eventual estupro, não é? Então, se você pensou, eu lamento, errou feio, errou rude. A mulher que se veste em trajes mínimos não depende da confiança de alguém para que sua imagem não seja maculada. É uma decisão dela, não envolve outra pessoa.

Inclusive, apenas para fins informativos, a maior parte das mulheres estupradas em nosso país e nos EUA vestiam calças quando foram violentadas.

Acho que essa questão da confiança em outra parte, não torna e jamais tornará o ato e todo resultado dele, algo que seja tranquilo, ainda assim é criminoso e ela é vítima. Mas é fundamental que consigamos abrir um pouquinho a cabeça e notar que a Fran não parece ter sido forçada, violentada ou explorada para gravar seus vídeos. Sendo assim, acho justo demais que as pessoas satisfaçam seus desejos e realizem seus fetiches, sejam eles a dois, três, quatro, públicos, cibernéticos ou de qualquer natureza, e como sou a favor! Mas é preciso lembrar que quando isso envolve uma gravação, fotografia ou qualquer tipo de conteúdo reprodutível, o cuidado deve ser redobrado. Carolina Dieckmann foi vítima de algo menos grave, foi vítima também, mas chegou a admitir sua parcela de culpa publicamente.

Não estou dizendo que a Fran não deva estar se sentindo culpada, deve sim. Ela sabe que deu mole. Talvez não por gravar o vídeo, mas por confiar em quem não deveria, por se relacionar de um modo que não deveria. Não conheço a história da Fran e nem sei, se o responsável pelo vazamento foi o seu parceiro. Acho somente, que devemos abandonar o discurso machista da vagabunda e o discurso feminista de vítima incondicional. Pelo menos pra mim, a Fran passa longe dos dois polos.

Não birite e não coma. Machistas e feministas acham qualquer coisa um absurdo! 

Não prometo voltar em breve... Afinal, não cumpro essa promessa mesmo e o mundo tá chato pra cacete!