sexta-feira, 9 de agosto de 2013

é de ferir



Hoje eu não estou aqui pra comentar qualquer notícia. Vou evitar comentar um caso específico, mas pretendo abordar uma questão que me parece fundamental e atual. Mais do que isso, essa questão me parece fundamental para que reflitamos a respeito de um futuro próximo. Não. Não falarei de Snowden ou de Black Blocs. Hoje só quero comentar algo um pouco mais simples, mas também mais complexo. Estou disposto a comentar de forma mais clara um problema que me parece enorme, mas que muitas vezes passa sem que consigamos perceber. E estou igualmente disposto, a assumir alguns pontos de vista que não podem ser os melhores, mas tenho certeza não serem os mais graves.

Ando me perguntando ultimamente qual o motivo de tanta dificuldade na aceitação do reconhecimento do direito do próximo. Qual é realmente o problema em conseguirmos aceitar o direito civil de um homossexual. Mais do que isso, qual o nosso problema com a tolerância? Não sou gay, sou tatuado, tenho uma visão política, social e econômica completamente heterodoxa por conta da mistura de vertentes e pensamentos, e não consigo entender qual é o motivo de tanta dificuldade em aceitar a verdade do outro. Acho que é importante ressaltar que eu não estou aqui, escrevendo contra o debate, não mesmo! Mas estou aqui, tentando compreender qual o motivo de dificuldade na aceitação de coisas tão simples.

Acho que independente daquilo que eu possa tratar, parto de uma premissa que considero básica: Respeitar o próximo é um dever. Gostar de sua postura ou opção é um direito. Simples! É claro que você pode discordar. Talvez aí esteja a graça. Não estou pedindo para que você violente seus princípios e passe a aceitar o que te “fere”. É claro que uma análise de consciência pode ser bem vinda, afinal de contas, geralmente as pessoas só se doem tanto quando julgam pela embalagem. Mesmo assim, é direito de cada um.

O que realmente me espanta, embora o tema central deste reles ensaio seja pelo direito às diferenças, é que muitas vezes acredito que estejamos reeditando alguns momentos históricos que não poderiam ter sido postos em um paralelo tão incrível nem pelo melhor dos roteiristas. É impressionante, embora eu consiga ainda pesar alguns fatores que expliquem (mesmo não justificando), o modo como a simples conquista de direitos acaba ferindo uma pessoa que também é civil e contribuinte, exatamente igual ao cidadão discriminado.

Justo, eu não estou aqui pra levantar qualquer bandeira a favor de minorias ou do politicamente correto. Pelo contrário. Acho que as pessoas têm o direito de não aplaudir o que não gostam, mas estamos em outra discussão. Falo de direitos mínimos. Falo do direito igual entre pares. Falo do direito que eu tenho como tatuado e você tem com sua pele lisinha. Não vou passar a achar implante subcutâneo sexy ou bonito por que tenho que abraçar as diferenças. Não vou rezar pedindo um filho gay. Só estou aqui para dizer que todos nós, temos basicamente os mesmos direitos, mas isso parece tão óbvio. Tão óbvio e pouco levado em consideração. Já falei aqui, sobre o espanto e do desrespeito que as pessoas de mente aberta demonstram ao tropeçarem em idéias conservadoras.

Fico imaginando que se em 1888 tivéssemos TT e FB, quais não seriam as pérolas nas timelines nos dias pós 13 de maio. Pensando bem, não é difícil imaginar. É só conseguirmos olhar o modo como parte de nós ainda trata a possibilidade do direito igual. A maior parte dessas pessoas, que tanto resistem em aceitar que somos iguais perante a lei, gostou muito da visita do Papa Francisco. Eu também gostei demais. Só acho uma pena, que suas mensagens não consigam ser tão bem aproveitadas assim. 


Estou longe de ser uma pessoa boa, ou uma boa pessoa, mas algumas análises históricas simples me ajudaram e ajudam muito, no processo de aceitação das diferentes configurações de nossa sociedade. É pra frente que se anda, gente! Pra frente! Olhando pra trás, me parece que 1888 foi logo ali, pra falar o mínimo. 

Birite: Leffe!