Hoje eu não estou aqui pra
comentar qualquer notícia. Vou evitar comentar um caso específico, mas pretendo
abordar uma questão que me parece fundamental e atual. Mais do que isso, essa
questão me parece fundamental para que reflitamos a respeito de um futuro
próximo. Não. Não falarei de Snowden ou de Black Blocs. Hoje só quero comentar
algo um pouco mais simples, mas também mais complexo. Estou disposto a comentar
de forma mais clara um problema que me parece enorme, mas que muitas vezes
passa sem que consigamos perceber. E estou igualmente disposto, a assumir
alguns pontos de vista que não podem ser os melhores, mas tenho certeza não
serem os mais graves.
Ando me perguntando ultimamente
qual o motivo de tanta dificuldade na aceitação do reconhecimento do direito do
próximo. Qual é realmente o problema em conseguirmos aceitar o direito civil de
um homossexual. Mais do que isso, qual o nosso problema com a tolerância? Não
sou gay, sou tatuado, tenho uma visão política, social e econômica completamente
heterodoxa por conta da mistura de vertentes e pensamentos, e não consigo
entender qual é o motivo de tanta dificuldade em aceitar a verdade do outro.
Acho que é importante ressaltar que eu não estou aqui, escrevendo contra o
debate, não mesmo! Mas estou aqui, tentando compreender qual o motivo de
dificuldade na aceitação de coisas tão simples.
Acho que independente daquilo que
eu possa tratar, parto de uma premissa que considero básica: Respeitar o
próximo é um dever. Gostar de sua postura ou opção é um direito. Simples! É
claro que você pode discordar. Talvez aí esteja a graça. Não estou pedindo para
que você violente seus princípios e passe a aceitar o que te “fere”. É claro
que uma análise de consciência pode ser bem vinda, afinal de contas, geralmente
as pessoas só se doem tanto quando julgam pela embalagem. Mesmo assim, é
direito de cada um.
O que realmente me espanta,
embora o tema central deste reles ensaio seja pelo direito às diferenças, é que
muitas vezes acredito que estejamos reeditando alguns momentos históricos que
não poderiam ter sido postos em um paralelo tão incrível nem pelo melhor dos
roteiristas. É impressionante, embora eu consiga ainda pesar alguns fatores que
expliquem (mesmo não justificando), o modo como a simples conquista de direitos
acaba ferindo uma pessoa que também é civil e contribuinte, exatamente igual ao
cidadão discriminado.
Justo, eu não estou aqui pra
levantar qualquer bandeira a favor de minorias ou do politicamente correto.
Pelo contrário. Acho que as pessoas têm o direito de não aplaudir o que não
gostam, mas estamos em outra discussão. Falo de direitos mínimos. Falo do
direito igual entre pares. Falo do direito que eu tenho como tatuado e você tem
com sua pele lisinha. Não vou passar a achar implante subcutâneo sexy ou bonito
por que tenho que abraçar as diferenças. Não vou rezar pedindo um filho gay. Só
estou aqui para dizer que todos nós, temos basicamente os mesmos direitos, mas
isso parece tão óbvio. Tão óbvio e pouco levado em consideração. Já falei aqui,
sobre o espanto e do desrespeito que as pessoas de mente aberta demonstram ao
tropeçarem em idéias conservadoras.
Fico imaginando que se em 1888
tivéssemos TT e FB, quais não seriam as pérolas nas timelines nos dias pós 13
de maio. Pensando bem, não é difícil imaginar. É só conseguirmos olhar o modo
como parte de nós ainda trata a possibilidade do direito igual. A maior parte
dessas pessoas, que tanto resistem em aceitar que somos iguais perante a lei,
gostou muito da visita do Papa Francisco. Eu também gostei demais. Só acho
uma pena, que suas mensagens não consigam ser tão bem aproveitadas assim.
Estou longe de ser uma pessoa
boa, ou uma boa pessoa, mas algumas análises históricas simples me ajudaram e
ajudam muito, no processo de aceitação das diferentes configurações de nossa
sociedade. É pra frente que se anda, gente! Pra frente! Olhando pra
trás, me parece que 1888 foi logo ali, pra falar o mínimo.
Birite: Leffe!