quinta-feira, 25 de abril de 2013

Salvem o Respeito...



Bom, o feriado de São Jorge passou e acabei voltando aqui depois dele para que opiniões mais ponderadas acabassem surgindo. Mesmo assim, creio que não vá ter muita diferença no meu discurso. Vamos lá!

Não tenho muitas chances de servir de parâmetro religioso para alguém. Acredito em um punhado de coisas de diversas religiões diferentes e, deste modo meio esquisito, construo a minha orientação religiosa. Tenho o hábito inclusive de me declarar agnóstico. Até porque, considero fortemente a possibilidade de que todas as minhas crenças, assim como a da maioria das pessoas que tem algum tipo de crença ou fé, possam existir por mero conforto de existência humana. Ainda assim, meu mundo não cairia caso comprovassem cientificamente a inexistência de Deus, Deuses, Santos, vida após a morte, reencarnação, evolução espiritual e outras coisas mais. Considero também, que a visão correta pode ser a do Deus polinésio ou até mesmo a de um Pajé qualquer.

De todas essas possibilidade, crenças, sincretismos e tudo mais, existe apenas uma coisa que não consigo aceitar... A intolerância baseada ou advinda da fé e dos preconceitos por ela gerados. Já passei aqui pra "defender" o Marco Feliciano, já defendi veementemente o direito do Pastor Silas Malafaia não concordar com o homossexualismo, já falei a respeito do Papa, mas sempre procurei fazer isso com o devido respeito às instituições que cada um representa. Posso não concordar com o dízimo ou com alguns atos de mercantilização da fé, posso não concordar com a forma como o Papa conduz seus fiéis em relação aos métodos contraceptivos, mas não tenho e acho que ninguém tem, o direito de desrespeitar a fé do próximo. Até aí parece tudo bem e talvez você se pergunte o motivo de toda essa minha explicação... vou continuar...

Já havia me irritado anteriormente com essa cruzada de pouco sentido contra Marco Feliciano, ainda mais com tanta gente mais pilantra que ele em Brasília. Pouco antes, me irritei com a crucificação de Silas Malafaia pela sua não aceitação em relação a causa gay. Depois, fiquei bastante decepcionado com o comportamento de muita gente por conta do Conclave. Quando tudo isso parecia já ter sido suficiente, me deparo, em pleno feriado, com demonstrações de desrespeito pleno nas redes sociais por conta do feriado de São Jorge (sim, é feriado aqui no Rio).

Me obriguei a ler os mais diversos absurdos e o show de intolerância só ia piorando conforme os apedrejadores em questão conseguiam eco em outras pessoas de mesmo nível. Parei pra tentar refletir e fui vendo que o desrespeito começava a utilizar os nomes de Deus e Jesus Cristo, para justificar tamanha falta de... falta de muita coisa. O mais engraçado de tudo isso, é que esses elementos faziam isso no conforto de seus lares, gozando de um feriado que, para estes, era um absurdo!

Creio que se as pessoas não conseguem respeitar só porque não acreditam, seria razoável e de bom tom que ficassem caladas e respeitassem não somente as pessoas que acreditam, mas também a todos que respeitam, mesmo não acreditando. Gostaria muito que essas pessoas que não aprenderam sequer a respeitar (que dirá amar!) o próximo, que se voluntariem para trabalhar durante o feriado.

Meu mais sincero desejo era de que essas pessoas lavassem a boca antes de querer falar em Deus para pregar a intolerância. Creio em Deus do meu jeito e esse meu jeito acredita que mais do que rezar, orar, meditar ou qualquer outra coisa, devo tentar ser gente, devo tentar ser um ser humano razoável, que pense minimamente no meu semelhante e respeite o direito que ele tem de ser diferente.

Por último e não menos importante, isso vale também para possíveis ateus que se consideram no direito de esculhambar quem crê em qualquer coisa.

Só desejo mais respeito.. para tudo e para todos.

Tô orando por você, que fala em Deus e Jesus Cristo e prega a intolerância religiosa.

Que Deus, São Jorge, Buda, Jesus Cristo e tantos outros nos protejam e nos iluminem.

Petisque: Feijuca e Cerveja pra Jorge!

sábado, 20 de abril de 2013

Até Quando?




Dificilmente me impressiono com os acontecimentos tristes e chocantes do nosso mundo. Não condeno a guerra. Apesar de achá-la estúpida, entendo que até mesmo por tantos eventos repetidos ao longo dos anos de civilização, talvez esse bárbaro recurso seja realmente parte de nossa natureza. Não sou a favor, não sou entusiasta, mas consigo tentar compreender.

Também tenho de admitir que, historicamente, os retrocessos humanos das guerras, tiveram como uma contrapartida um avanço razoável em processos e tecnologia. Não, esses avanços não pagam e nem apagam a barbárie, muito menos justificam, mas são contrapontos claros e de compreensão não tão complexa.

O que eu realmente não consigo compreender são os atos de terrorismo contra civis. Mais do que isso, civis que não representam coisa alguma. Pessoas de diversos países, culturas e orientações políticas participavam ou assistiam ao final de uma famosa corrida de rua. Independente do autor, não consigo notar qualquer tipo motivo que justifique a escolha desses alvos.

O Governo Americano agiu rápido, a população ajudou e as forças policiais encontraram os culpados. Ainda assim, as investigações continuam. Espanta-me, tanto quanto o ato terrorista, a comemoração velada de algumas pessoas pelas redes sociais, achando legal esse tipo de ferramenta ser utilizada, sob o pretexto imbecil de que é bom ferir o orgulho dos americanos. Mais do que críticas, tais comentários são dignos da minha pena. Esse é o tipo de comentário de gente que se disfarça de “gente boa”, mas trata personagens do tipo de Che Guevara e Zlavoj Zizek como grandes homens.

Talvez o que incomode, não somente aos terroristas, mas também a esse grupo de pessoas que acha esse tipo de atitude interessante, seja a forma como os “porcos, imperialistas, bláblábá” americanos tratam a questão. A seriedade na busca e a mobilização popular mostram o espírito que os caras têm. Gostando ou não, é preciso respeitar! Sim! Respeito é sempre o mínimo pra mim. E por incrível que pareça, eu respeito o fato de pensarem que Zizek e Che são grandes homens, só não concordo.

Até quando continuaremos retroagindo para justificar um caminho pouco humano em troca de cócegas em um inimigo invisível? 


Até!


Petisque: Nhoque de Aipim Frito com Linguiça Toscana - Baixo Araguaia - Freguesia. Acompanhe com Chopp Brahma.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Quarto de Vida. Quarto da Vida.




Olhando para trás, posso perceber que cada tipo de geração carrega algumas dores e delícias próprias. Algumas herdadas de gerações anteriores e outras genuinamente particulares. Como qualquer outra, a Geração Z, a qual pertenço, traz uma síndrome bem peculiar. A chamada crise do quarto de vida. Essa crise surge com a ideia de que a partir de todos os avanços do homem e de todas as facilidades que minha geração pôde usufruir a maioria de nós alcance ou ultrapasse os lendários três dígitos de idade.

Esqueceram de contar que essa descoberta também assusta e que essa tal crise chega antes ou, na maior parte das vezes, um pouco depois de nossos vinte e cinco anos. Acho que é quando se percebe de verdade que ter um pouco mais que os vinte e poucos anos não é assim tão simples quanto parecia aos dezoito ou tão divertido quanto aparentava aos quinze. Afinal, os vinte e poucos anos já não são tão poucos assim. 

A maior parte dos planos simplesmente mudou, por vontade ou necessidade, e os poucos que restaram, em sua enorme maioria, ainda estão bem incompletos.  E o furor dos vinte e poucos anos, diminuiu com o choque de realidade.

A falta de tempo faz com que você entenda que até as menores coisas passam a precisar de mais planejamento e o relógio já passa a ser visto como seu inimigo número um. A rotina é quase sempre frustrante e você descobre que desperdiçou parte do seu tempo de vida em uma faculdade que você não faria novamente, se recriminar parece comum entre o seu ciclo de amigos.

Você acaba caindo na real e percebendo que não tem um milhão de amigos, mas agradece por todos os que restaram e passa a perceber que gastar seu tempo com eles é revigorante, mas para que isso aconteça é preciso driblar a agenda e arranjar um espaço no cotidiano maluco e plural de cada um. Provavelmente já trocou de mal com Deus por ter perdido algum deles de maneira precipitada.

Seus finais de semana passam cada vez mais rápido e são cercados de obrigações esquisitas aonde você se desdobra pra fazer o que gosta. Sua família passa a representar um novo valor em sua vida e o conceito de finitude de seus pais e avós assustam a mente e comprimem o coração. É realmente frustrante perceber que em alguns momentos, você estará “preso” a algum compromisso enquanto desejava visitar ou viajar em família.

Sua vida amorosa sendo boa ou ruim é caótica, a proximidade dos casamentos de seus amigos acaba alarmando e essa responsabilidade pode estar bem próxima, mesmo que você diga que só quer isso uns quinze anos mais tarde. O amor passa a ser um companheiro estranho e cai a ficha de que é muito difícil ter a certeza de quando se deve tentar um “para sempre”.

Os porres da adolescência servem como marcos e são motivos mais de vergonha do que de orgulho, embora ainda rendam boas histórias. Você percebe que suas saídas são cada vez mais caras, embora pareçam baratas, e que seu emprego não consegue sustentar o que era imaginado uma década atrás. Além disso, as noitadas trazem um efeito rebote caro e dolorido, consumindo mais do que seu dinheiro, seu tempo e sua disposição.

Você abaixa a cabeça com alguma resignação e admite que por mais que se deseje você não é mais um super-herói e que seu corpo tem limites cada vez menores. A responsabilidade tende a chegar ao trânsito e em caso de vícios, a preocupação e a luta em planejar uma batalha de libertação começam a fazer parte de suas ideias.

As dores sofridas queimam e te devastam por dentro, por mais que o semblante tenha que parecer ameno, a corrosão das decepções te leva a uma amargura estranha, que não sai com gritos ou pequenos escândalos. As delícias e risos passam a ser apreciados e a descoberta de que existe muito valor nas pequenas coisas, acaba acontecendo de forma mágica.

Seu trabalho, na maioria das vezes, te frustra tanto quanto a escolha de sua faculdade e o medo de tentar algo novo te domina, prevalecendo sobre as suas vontades quase que em todas as oportunidades. Ficar ranzinza é inevitável, junto com as opiniões que foram formatadas ao longo dos anos, a base do seu pensamento acaba procurando estruturas e você começa a se sentir no direito de contestar o que não parece lhe caber.

Esse quarto de vida parece realmente a porta de saída de um quarto da vida, para a própria vida, de onde você já saiu, mas só percebeu agora. Sem proteção alguma como em outros tempos e a consciência de que agora é com você bate e sufoca, com uma grande lufada de liberdade refrescando um pouco esse cenário.

Para mim, essa essa tal síndrome é mais ou menos isso. Você acha que está preparado, embora acredite no contrário. É tão fácil se achar brilhante, quanto estúpido. É praticamente odiar essa bipolaridade, adorando cada pedaço disso. O que complica é saber que a casa dos trinta está logo ao lado.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Um Garoto Frustrado... e Só!



Tudo parece meio mentira, o território escolhido pelo menino que sempre teve tudo em um lugar onde o povo nunca teve nada chama-se República Popular Democrática da Coréia. Os termos popular e democrática são realmente especiais, principalmente para um país em que seu povo, além de só ter um partido, não tem voz e sequer sabem o que acontece no resto do mundo. Mesmo assim, o jogo segue, o menino recebeu de seu pai, Kim Jong-il, seus exércitos e os dadinhos.

Com tudo isso em mãos o garoto cresceu, crescendo os olhos para o mundo e alimentando o regime com pose e muita megalomania. Uma receita um tanto batida e falida, principalmente para os dias de hoje. Afinal, seu modelo ideal já está morto e enterrado há tempos. Dirão alguns intelectuais que organizam uma resistência e eu acabo rindo um pouco disso. Tanto estes sábios quanto esse pobre garoto, merecem mais escárnio que respeito.

Depois de receber tudo isso, negar a existência do mundo ao próprio país e a seu povo, esqueceu que compra itens de luxo para ele e sua esposa, hábito que deve ter sido herdado junto com os exércitos e os dadinhos que seu pai lhe deixara. Além de tudo isso e de hábitos esquisitos, também lhe foi deixado o tal território e uma televisão, não um aparelho, mas uma emissora inteira. De lá, ele passa aos seus compatriotas as suas verdades sobre o mundo e mostra como seus pequenos botões verm.. seus exércitos estão treinando para atacar o território amigo e avançar no tabuleiro.

O garoto teve tudo que ninguém em seu país teve. Seu pai lhe deu quase tudo, talvez tenha faltado dar ao menino um tabuleiro de War. Kim Jong-un certamente não brincou com esse jogo e está tentando, de todas as formas aparecer. O único problema é acabar parecendo, em algum momento, que ele tá falando sério. Não acredito e nem torço para que ele seja assim, tão burro. Cada um no seu quadrado. Que o menino brinque em paz com seu território, já que parece não ter tantos dados amarelos para ao menos empatar um revide. 

Boa semana!

Petisco: Tomate Seco com Blood Mary -  Não sei nem aonde tem ou se combina, mas vai estar bem caro! Um luxo! Se quiser impressionar, tá mais "in" que ter iPhone e jantar na Porcão!

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Dez Anos ou Mais...

Trinta e um dias, assim eles se passaram. Os primeiros se arrastaram, acho que os primeiros dez ou quinze, depois disso, teimaram em se seguir em uma sequência esquisita e agridoce de acontecimentos que me misturam a normalidade do cotidiano com o impacto de tua falta.

Os aprendizados foram reunidos depois de nossos anos de amizade, ou dessa relação esquisita, às vezes fraternal, outras vezes de discente e docente, mas além de reunidos, vem tentando ser aplicados, doendo a cada momento, como todo e qualquer aprendizado. Seria tão mais fácil que você ou o mundo tivessem entendido que de você, nós tínhamos o hábito de prestar atenção sem precisar errar tanto.

A didática de um ogro doce, era muito simples. Simpatia, simplicidade e verdade. Talvez esses sejam os verdadeiros ingredientes de um bom homem. Difícil demais aceitar minhas próprias crenças e ser altruísta, creditando sua partida a necessidade real de alguém que precise mais. Tem sido quase impossível dar conta de tudo que desejava da forma que você faria. Por vezes, o simples acontecer do dia ou a proximidade que devo manter de suas coisas, que são, sempre foram, e serão nossas, dói um tanto. "Para de frescura", você diria. Bem verdade, passei nosso tempo a admirar tua força.

"- É irmão, tá foda!" Era o que eu queria te dizer agora. Seguido de um: "- Relaxa, deixa comigo. Confia! Vou conseguir, sério". Você diria que ia querer ver. E acho que sabendo que eu faria tudo pra não decepcionar.

Tá muito difícil mesmo. Ainda não fiz o que devia, mas estou tentando. Se não for pedir muito, dá uma moral  daí, tenho fé que vou fazer minha parte. Eu e os moleques estamos tentando. Você continua por aqui, mesmo daí. O que você deixou pra nós é pra sempre, só podemos agradecer, muito mais que trinta e uma vezes.

Foi esse, sem dúvida o pior e mais esquisito mês da minha vida até agora. Mesmo assim, prometo tentar parar com o que você desdenharia como frescura mesmo respeitando e entendendo o sentimento. Nosso grupo envelheceu e se uniu, na dor e na saudade. No último mês, vivemos dez anos ou mais. Ainda assim, faremos disso um momento de crescimento, como você sempre insistiu e ensinou. 

Como já disse, deixa tudo certo aí. Gela o gelo e põe a grelha no esquema, põe o Papa Mike na chopeira e diz pra ele não passar do ponto, não queremos ninguém queimando a largada, de pileque antes do tempo. No mais, a gente faz o nosso daqui e ajeita o compasso, pro samba não perder a cadência e o andamento.

Valeu, Mestre Miyagi!