Olá pessoal, por incrível que pareça, você não abriu meu outro blog. O assunto começa, se desenvolve e termina como meus textos sobre futebol, mas não acho que tenha tanto a ver.
Na véspera da escolha de nosso novo Papa, estava conversando com uma querida amiga, que instigando meus desejos por polêmicas e situações curiosas, me perguntou o que eu achava da futebolização do Conclave. O assunto se alongou bastante e tive grande dificuldade em explicar a convergência de fatores que, em minha humilde opinião, resultaram nessa mega cobertura jornalística, principalmente por parte da Globo.
Como tive tanta dificuldade para explicar, resolvi esperar e publicar meu post quando conseguisse concatenar melhor minhas idéias e argumentos. Além disso, já que estava praticamente como uma cobertura de final de Copa do Mundo, comentaria e, se preciso fosse, cornetaria o novo Papa.
Acho curioso começar falando uma coisa que é de incrível importância para a relevância ou não relevância deste post... Gente, eu não sou católico! Então o que me dá o direito de comentar coisas ligadas ao novo Papa? Nada! E tudo também! Vamos aos palpites e aos pitacos de hoje...
Em primeiro lugar, acho que a maior parte da galera que tem mais ou menos a mesma faixa etária que eu, caso dessa minha amiga inclusive, deveria estar ocupado com muitas outras coisas que acabavam não deixando que a penúltima sucessão de Sua Santidade se tornasse um assunto de importância tão grande. Além disso, João Paulo II já dava sinais de seus problemas de saúde desde que eu era criança e acabou lutando bravamente por sua vida durante vários anos. Sendo assim, morria um Papa muito querido e, naturalmente, teria que ser sucedido. O clima era de comoção, era um ciclo normal porém muito doloroso, já que JP conquistava até mesmo os não católicos. Pra completar esse fato, admitamos, Bento XVI só conseguiu ser querido, se muito, por seus melhores ou maiores e mais devotos católicos.
Já que a primeira parte foi explicada, conseguimos notar que o cenário não era de tanta alegria e esperança. Talvez o maior desafio de Bento XVI não tenha sido só os inúmeros problemas e escândalos que teve que enfrentar quando comandava a Igreja, mas o simples fato de suceder alguém tão carismático. Além disso, o volume de mídia cresceu bastante nos últimos anos. Duvido que você tenha sabido quem era o novo Papa em 2005 pelo twitter, Facebook ou WhatsApp.
Como o clima era outro, é claro que a cobertura vai mudar o tom. Não é por nada, mas o momento envolvia uma questão histórica muito mais importante do que uma sucessão natural. O último e se eu não me engano único Papa a renunciar até então, havia feito isso em uma época aonde nosso país sequer havia sido descoberto. Não preciso nesse caso comparar o fator globalizador, mas é fácil perceber que a renúncia, por si só, já sugeria um ar sensacionalista e espetaculoso em torno do processo que viria a seguir. Some-se a isso, um dos principais motivos da renúncia... Talvez em nenhum momento de sua história a Igreja Católica estivesse em uma crise tão profunda.
Você pode até concordar com meu pensamento e dirá que até agora ele está levemente superior ao de um símio qualquer. Bem verdade, até porque, isso tudo justifica uma mudança no tom, mas não a futebolização.
Ok. A futebolização vem de um traço nosso, embora a cobertura no mundo inteiro tenha sido bem louca, nós vivíamos e estamos vivendo aqui, uma convergência de fatores que aumentam demais o interesse na promoção do Conclave e de um novo Papa.
Esse processo começa com a inclusão de um brasileiro, Dom Odilo, como um dos principais "papáveis". Sendo assim, o trejeito turfístico que já dominava o mundo, ganha ares de geral do Maraca e começamos a retirar as chuteiras da pátria para que possamos vestir a batina. Com Dom Odilo correndo "por dentro", a mídia e o povo carregam as baterias e elevam o tom, transformando tudo em algo pré carnavalesco. Sim, esse é de verdade, um dos maiores fatores do ambiente que se criou. Como o povo fez sua parte, o interesse da mídia, cai matando, cada emissora a seu modo e com seus interesses.
A Record, por razões óbvias, resolveu praticamente ignorar o fato. O SBT até tentou dar alguma cobertura, mas ainda hoje em dia, cobertura grande, histórica, mesmo com link de transmissão e uma parafernalha de coisas que não domino, é feita in loco e para isso é preciso de dinheiro e vontade, acho que preferiram cobrir daqui e de forma mais discreta. A Globo por sua vez, por razões igualmente tão óbvias quanto a Record e possuir vontade e dinheiro, fez uma MEGA cobertura. Nesse momento, você que odeia a Globo e detesta o Pastor Marco Feliciano, deve estar em parafuso, sem querer admitir todo o esforço que foi feito pela emissora que toma tanta pedrada.
Se você ainda não conseguiu adivinhar tudo que pensei em relação a isso, vou explicar.
A Record, por ser uma emissora evangélica e com interesses evangélicos, deu a menor cobertura possível e, se possível for, irá revirar qualquer vírgula no passado de Francisco.
A Globo quase sempre caminhou sem bater de frente com a Igreja Católica e vinha se aproximando bastante do público evangélico ultimamente.
O motivo é bastante claro. Emissora de TV disputa share no mercado. É quase a mesma disputa que as empresas de telefonia celular, desejando agradar aos diferentes tipos de consumidor. A Globo tenta maximizar sua fatia, sabendo que perde parcela dele de acordo com o aumento no número de evangélicos.
O problema pra ela e pros interesses políticos que ela tem é que a comunidade evangélica, como qualquer outra, tem padrão político e de consumo. E geralmente votamos naqueles que se alinham com nossa filosofia e estilo de vida. Naturalmente, a quantidade de políticos evangélicos, assim como a própria comunidade evangélica, vêm aumentando vertiginosamente. O último fato, e de maior relevância para que a sucessão do Papa ganhasse o um gás a mais por parte da emissora, foi a questão do Pastor Marco Feliciano e sua indicação para presidir a Comissão dos Direitos Humanos.
O processo de aceitação dos homossexuais é parte fundamental da linha filosófica seguida pela emissora. Certo ou errado, esse tipo de pensamento vai de encontro com o que é pregado pela esmagadora maioria dos evangélicos e pela totalidade de sua bancada. Temos então um conflito de interesses que torna o novo Papa, algo muito bom para o momento político vivido. Com o clima já sendo outro e com um Brasileiro na disputa... Temos um jogo!!! Essa conjunção de fatores explica muito do furor da cobertura, pelo menos em minha opinião. E calma! Não pense em cogitar a hipótese da Globo ter forçado a barra pra saída de Bento XVI. Não viaja!
Parte do tiro, pode ter saído pela culatra com a escolha de um sucessor ARGENTINO!!! Não acho que ninguém deixará de ser católico por isso, não mesmo. Mas será preciso muita habilidade e TONELADAS de carisma por parte de Francisco, Chico para os íntimos, para conquistar não só os brasileiros, mas também os fiéis que vem perdendo e deixando de conquistar no mundo. Deu sinais de que é um homem carismático em sua primeira aparição, mas precisaremos esperar um pouco mais. Já a habilidade... Não sei se ele terá, visto que segue uma linha mais tradicional e conservadora. Em minha opinião de não católico, a Igreja deveria ter ousado nesse momento.
Desejo sorte ao novo Papa e depois, escreverei com calma somente a respeito do crescimento dessa bancada evangélica. Vou levar tanta pedrada...
Habemus Papam...
Petisque - Hóstia com vinho sem álcool... Brincadeira!
Joelho de Porco - Enchendo Linguiça. Acompanhando - Antarctica Original
Valeu.